sábado, 21 de maio de 2011

Vácuo

O nó que trago cá dentro, emaranhado na garganta, prende-me as mãos e os pés, impede-me de crescer. O nó que trago cá dentro solta os lobos que escondo secretamente nos olhos, e atiça-os.
Eu percorro o trilho da floresta como se não caminhasse, e vejo as árvores a passar por mim, e vejo os pássaros a passar por mim, e vejo as pedras a passar por mim, e vejo o Sol a passar por mim, e vejo a noite a passar por mim, e vejo a terra a passar em mim. E eu fico de pé, imóvel, a olhar, a ver. Mas não sinto.
Não tenho trevas nem luz, nem espaço nem tempo. Não sei o que tenho, apenas sei o que não tenho, e nem uma subtracção me indica o resto. Talvez seja porque não há resto.
Se houvessem 'ses', suporia, presumiria o que sou, visto que não sou quem. Há uma crise que arde cá dentro, afoga, asfixia. Estou enjoada.

Não passo por ninguém.

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