domingo, 25 de outubro de 2009

Vela



Eu queria um abraço. Há tanto tempo que ninguém me abraça. Queria tanto voltar a recolher o calor da pele de alguém.
As minhas mãos reflectem-se, tão frágeis, no ar, como se fosse a única coisa em que pudessem tocar. E de facto é. O toque do nada é o mais próximo que as minhas mãos sentem de outras mãos. Estão frias de tanto esperarem, tão singelas por chamarem pela transparência da expressão.
Eu queria escrever tudo. Queria transmitir a minha essência no carvão, existir nas palavras que assentam nas árvores.
Eu gostava de ouvir a água a escorrer das pedras, de sentir o gelo a quebrar-se e a derreter no meu corpo, de estar nua e arrepiar-me na fusão.
O quanto eu aspiro liberdade. Dá-la. Partilhá-la. O quanto eu desejo entregar-me, despida, completa, sem pudor, ao aroma do suor e ao som das cordas.
Eu quero tanto respirar, ascender ao trono de Deusa e mostrar o meu peito a sangrar, a gritar, a emanar tudo o que prende.
Eu queria gostar e ver. Queria poder enviar todas as linhas ao espírito do ascendente do Inferno e fazer-me ouvir.
Uma vez mais.
Como um coração de porcelana.

3 comentários:

Luh disse...

Rose =)
Sem palavras...fica mesmo cá dentro *

Catarina Leandro disse...

A vela ilumina, e nessa Luz pode ser que encontres o calor dos meus braços abertos, sempre que precisares amiga. Estou disposta a acolher o teu coração se porcelana, para que não se parta uma peça de tanto valor!
Mereces ser valorizada pela pessoa bonita que tu és Rose.

- Quanto a ser aprender a ser feliz, estou a espera que a vida me ensine. Até lá, deixarei as lágrimas rolarem, os gritos soarem até que alguém ouça os pingos caírem no chão e os ecos do meu coração vazio. Eu vou ser feliz!

beijinhos

Joana Torres disse...

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fizeste me chorar com isto, minha Rosa