quarta-feira, 23 de julho de 2008

O fim de um sonho


Ela olhou em redor e não viu ninguém. Concluiu então que estava sozinha no meio do Parque. Sentiu-se bastante aliviada e agoniada o suficiente para expressar a sua dor...gritou desesperada por ele, mas apenas escutou a voz do vento medonha e fortíssima, em resposta à sua intensa mágoa, a maior mágoa à face da Terra. O céu tornou-se negro, mais negro do que o luto de um funeral e as nuvens dissiparam-se no meio daquela tempestade celeste...
A chuva não tardou e encharcou-a de tristeza. Para ela, a chuva era a menor importância naquele instante. Sentiu os seus olhos a encherem-se de lágrimas tão pequeninas como as lágrimas do céu, mas eram mais tristes e magoadas do que as flores murchas existentes naquele lugar.
O infinito do Universo era menor que a dor dela. Desfaleceu ali mesmo, gritando e chamando pelo nome que sempre desejara e amara...mas ninguém respondeu, apenas a relva a acolheu e a embalou num sono do qual jamais iria acordar.
A morte era a única solução para esquecer o que sofreu por aquele amor puro e demente...

2 comentários:

Joana Torres disse...

Continuo a achar que estarás sempre inspirada na Florbela Espanca...
Tens noção de que quase me fizeste chorar com isto ?
É que infelizmente é verdade.. às vezes gritámos tão alto que só nós mesmos parecemos ouvir... ninguém mais se importa...
=/

Quando te sentires assim, liga me e grita por telefone, eu aceito !!!!!!
Não esperes que o jardim esvazie nem guardes tudo para ti...

Sara S. disse...

Muito bem escrito amiga :) Eu cá continuo a achar que há-de haver sempre alguém que ouvirá os nossos gritos, por mais silenciosos e encerrados que eles se encontrem em nossa alma. Mas se por algum motivo não conseguirmos encontrar esse alguém, ou saber quem ele é, no meio desse despero há sempre uma pontinha de esperança, nem que seja nas ervas desse jardim. Um beijinho.
P.S.- Devo dizer que gosto sempre de vir cá e ler os teus belíssimos textos Rosélia.