sábado, 17 de janeiro de 2009

The words I've found in a hole

Procurei no dicionário o significado da palavra 'eu'. O que encontrei foi 'pronome pessoal, designa a primeira pessoa do singular'. Mas eu, não sou um pronome pessoal, eu não sou a primeira pessoa do singular. Eu, eu sou uma palavra, mais concretamente o meu nome, que quando é proferido alberga sempre o que ainda não encontrei: a minha essência.

Procurei na Internet o significado do meu nome, mas talvez por ser invulgar, não encontrei tal correspondência, o que dificulta bastante a tarefa de me definir, ou de dar um sentido àquilo que sou.

Diz-se que os olhos são o espelho da alma. E de facto, na minha confusa transparência esverdeada, eu vi aquilo que é suposto ser a palavra 'eu', o meu mundo, a minha vida. Tenho a diferença estampada no rosto, a distinção que me faz dizer que não sou deste mundo, porque não me identifico com ninguém, porque sou anormal o suficiente para não ser alguém daqui. Tudo é estranho no meu olhar, pois eu mesma sou estranha. Vejo a vida em tudo o que morreu, e tento, estupidamente mudar o mundo, transformar o Universo. Sou curiosa, quero saber tudo e cada vez mais, não me contento com os sonhos. Digo o que sinto, não o que penso, e se não digo revolto-me. Caminho em silêncio e adormeço no embalar da música, e falo, eu falo quando tenho necessidade, mesmo que esteja sozinha.

Alguém me disse que tenho medo de mim própria, que tenho medo de sentir. Sim, eu sou a minha pior inimiga, por não me deixar ter confiança na minha pele. Acredito mais na Natureza do que em mim própria, pois a Natureza é perfeita e eu não, e no entanto, faço parte dela. A liberdade que encontrei depois de morrer trouxe-me o meu mundo, um mundo onde eu sou feliz. É lá que eu vivo e existo, é lá que encontro as respostas sem fazer as perguntas. E é bom, ser tão livre como sou, ser tão estranha como sou, ser tão única como sou.

O nome, o meu nome tem o significado que eu quiser, e o meu nome significa essência.

5 comentários:

Sara S. disse...

A autobiografia. Mesmo que não correspondesse ao que era pedido, é de denotar a profundidade das palavras, do que é falado, porque não é fácil escrever um texto sobre nós mesmos caracterizando-nos. Está belíssimo. Parabéns Rosélia! Beijinhos

Joana Torres disse...

És perfeita, minha rosa =)
a profundidade das tuas palavras... não precisas de te definir, já és definida em ti mesma.

Sara disse...

está um texto perfeito! parabéns!

Anónimo disse...

Se um dia investigares profundamente, descobrirás que o teu nome contém, com absoluta clareza, o Princípio Vital da tua Essência.

Descobre a Essência do teu nome e descobrirás o Princípio que te leva à Perfeição.

Anónimo disse...

"Tenho a diferença estampada no rosto, a distinção que me faz dizer que não sou deste mundo, porque não me identifico com ninguém".
Não é sintoma de Saúde ser ajustado a uma humanidade profundamente doente.