
Tenho medo. E se tenho medo, é porque ainda tenho algo a perder, é porque afinal, não estou sozinha. Posso estar longe da segurança e do brilhozinho nos olhos, mas não estou sozinha. Não estás aqui, estás comigo e estás connosco. E o que ainda tenho a perder, é o que nunca ganhei na vida.
No silêncio de cada nota musical, pronuncio o teu nome, e na esperança agreste de um dia ser livre, eu vejo-te. Estendo a mão para escutar a pulsação que emerge dos batimentos da tua essência. E sinto a tua respiração, o arrebitar espontâneo de cada inspiração e expiração que os teus pulmões, inconscientemente ventilam.
Surgem-me sensações de bem-estar. A perfeição de um sentimento achada num leve gesto que o meu tacto faz questão de exemplificar. O bater do teu coração.
Era saudade misturada com um estranho prazer. Num momento, ouço o crepitar do teu interior ainda quente, e saboreio o beijo, aquele beijo de despedida que fazes sempre questão de me dar. É tão bom sentir a tua boca a aquecer a minha, enquanto te abraço ou te dou as mãos, e saber que aquela abstracta junção da minha alma e da tua é apenas nossa. E logo a seguir, uma luz opaca instala-se no nosso olhar enquanto as nossas mãos se descolam, e um simples 'amo-te' se solta das nossas cordas vocais.
Eu não queria vir embora naquele dia. Mais do que em qualquer outra tarde em que estivemos juntos, eu não te queria deixar assim. Não é justo estarmos longe. Não é justo querermos viver e não nos deixarem.
Mas vale a pena. Aliás, 'tudo vale a pena, se a alma não é pequena'. E estes pequeninos traços de vazio que se estendem durante estas semanas, vão acabar por se desvanecer.
E eu acredito que um dia, a liberdade vem ter connosco e nos vai levar para o nosso mundo, para a vida que tanto queremos e acredito na força da nossa música, a palavra exprimida a cada acorde que nos une.
O medo assusta-me e tu sabes que sim. Mas o que vem depois do medo, fortalece a minha segurança, não há nada que consiga derrubar a minha alma perdida na tua.
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